A FALTA DE INVESTIMENTO TRANSFORMA O CÂNCER EM SENTENÇA
O câncer já é a principal causa de morte em pelo menos 670 municípios brasileiros, segundo dados do Observatório de Oncologia, analisados a partir do Atlas de Mortalidade do Instituto Nacional de Câncer (INCA). O número confirma uma mudança profunda no perfil de mortalidade do país, onde, por décadas, as doenças cardiovasculares lideraram as estatísticas.
De acordo com o levantamento, os óbitos por câncer superam as mortes por causas cardíacas em diversas regiões, especialmente no Sul e Sudeste, mas o avanço também começa a ser registrado no Nordeste e Centro-Oeste, refletindo o envelhecimento populacional, o diagnóstico tardio e o aumento da exposição a fatores de risco.
Entre os principais tipos de câncer associados ao aumento das mortes estão os de pulmão, mama, próstata, intestino e fígado — todos com forte relação com o estilo de vida moderno, a alimentação ultraprocessada, o consumo de álcool e tabaco, e a exposição ambiental a agrotóxicos e poluentes.
Especialistas alertam que o crescimento do câncer nas cidades do interior está diretamente ligado à falta de estrutura para diagnóstico precoce e tratamento especializado. Em muitos municípios, os pacientes ainda precisam percorrer centenas de quilômetros até centros de referência, o que reduz as chances de cura e aumenta a mortalidade.
O dado serve de alerta não apenas às autoridades, mas também à população. A prevenção continua sendo o caminho mais eficaz para conter o avanço da doença. Hábitos alimentares saudáveis, prática regular de atividade física, vacinação e exames periódicos são estratégias comprovadas para reduzir a incidência e detectar tumores em estágios iniciais.
A mudança no mapa da mortalidade brasileira revela um novo desafio: transformar informação em ação. O país precisa investir mais em políticas públicas de prevenção, rastreamento e acesso ao tratamento oncológico, especialmente fora dos grandes centros urbanos.
O câncer não é mais um inimigo distante — ele está nas estatísticas do seu município.
Fontes: Observatório de Oncologia / Instituto Nacional de Câncer (INCA)