Com drones de US$ 600, a Ucrânia conseguiu desmantelar bombardeiros russos nucleares avaliados em mais de US$ 100 milhões cada. O feito mudou a lógica da guerra, mas ao invés de aplausos, o Ocidente respondeu com silêncio. Por quê?
No dia 1º de junho de 2025, a Ucrânia alterou o curso da guerra moderna. A chamada Operação Web não apenas destruiu mais de 40 bombardeiros russos — muitos deles com capacidade nuclear — mas também escancarou ao mundo uma verdade desconfortável: a era da hegemonia militar baseada em bilhões de dólares está com os dias contados.
Drones improvisados, fabricados com componentes acessíveis e inteligência tática, colocaram por terra não só aeronaves de elite, mas também a falsa sensação de invulnerabilidade que o Ocidente construiu ao longo das décadas. A ofensiva, que muitos chamam de "a mais econômica e eficaz já registrada contra uma potência nuclear", foi recebida com um silêncio quase sepulcral por parte dos Estados Unidos e da Europa. O que antes geraria manchetes e condecorações, hoje é tratado com cautela estratégica — ou, talvez, com temor não declarado.
O New York Times, em uma rara análise direta, chegou a reconhecer: "A Ucrânia elevou a guerra a um novo patamar, provando que um drone de US$ 600 pode inutilizar ativos militares de bilhões". Um oficial da OTAN foi além: "O Ocidente falhou em prever a vulnerabilidade de suas próprias bases militares frente à nova era dos drones."
O incômodo não está apenas na inovação ucraniana — mas no reflexo dela. Se a Ucrânia conseguiu isso com pouco apoio, imagina-se o que grupos hostis, terroristas ou outras nações ressentidas podem fazer. O "efeito colateral" da genialidade ucraniana é a exposição brutal da fragilidade ocidental: os sistemas de defesa atuais foram concebidos para guerras do século XX, não para ataques autônomos coordenados por jovens engenheiros com impressoras 3D.
Em vez de saudar o feito, o Ocidente parece abalado. Políticos silenciam. Generais recuam. Afinal, se um punhado de drones pode atravessar centenas de quilômetros e destruir aviões de guerra russos em solo, o que impede que o mesmo ocorra em Ramstein, Rota, Guam ou Norfolk?
A Ucrânia não só respondeu à agressão — reinventou a defesa. O silêncio ocidental talvez revele não ingratidão, mas vulnerabilidade. A ilusão de que bilhões garantem segurança global está oficialmente rompida.
Em uma guerra assimétrica, a lógica do poder muda de mãos. E a Ucrânia provou que engenhosidade, desespero e vontade de sobreviver podem fazer tremer as bases de qualquer império.
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No próximo artigo, abordaremos como a inteligência militar ucraniana está formando uma nova doutrina de guerra descentralizada — e o que os países latino-americanos podem aprender com isso para proteger suas próprias infraestruturas.